sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

O Professor do Surfe

Anos atrás, depois de duas caronas até chegar a praia, eu e meu amigo Marcos Peruca nos deparamos com a triste situação de encontrar o mar totalmente flat (sem ondas), resolvemos dar uma caminhada na praia e por sorte encontramos com o Gedeon.
Gedeon nessa época possuía, creio eu, a única moto com racks de prancha em São Sebastião e uma prancha que ele mesmo havia pintado. Lembro-me de alguns detalhes laranja e de um cantor de rock no bico da prancha, que representava alguma das essências do surfe, como liberdade e irreverência.
Apesar dessa prancha ousada a personalidade do Gedeon tende a ser de uma pessoa tranqüila e reservada, diferente a de um astro de rock. Nesse dia sem saber ele deu os primeiros passos no que iria se tornar hoje, conversamos muito e ele nos falou como enfrentar algumas dificuldades na vida e o caminho que havia seguido.
Depois começou uma verdadeira aula de surfe, havia uma elevação na areia, parecida com um braço de uma onda, e ele simulava o melhor posicionamento, o momento certo da cavada e de executar as manobras, como lidar com os diferentes tipos de onda, entre outras manobras.
Esse dia valeu por meses de surf praticados por nós sem nenhuma instrução. E foi por pessoas como Gedeon, Julio Barata, Toronto, Marcos Pirata que nos tornamos, além de bons surfistas, grandes cidadãos. Ao final da aula fomos os três embora em sua moto.
Gedeon participou da criação e fundação da Associação de Surf de São Sebastião,entidade da qual hoje é presidente. Além disso, criou uma das primeiras escolas de surfe do Brasil, idealizou o projeto Salva-Surf e realizou um excelente trabalho para o surfe da cidade em parceria com a secretaria de esportes de São Sebastião.
Ele também é o responsável pela vinda dos campeonatos de níveis nacional e internacional para São Sebastião, pela formação de mais ou menos 2.000 surfistas, pelos talentos que surgiram e estão por surgir no surfe de São Sebastião.
Hoje, Gedeon está à frente de sua escola de surfe e é considerado um dos maiores professores e técnicos de surfe do Brasil, responsável pela formação de bons surfistas e verdadeiros cidadãos sebastianenses.
Obrigado Gedeon!
Informações sobre aulas, consulte seu blog ou envie e-mail ao Gedeon
http://aulasdesurf.gedeon.nafoto.net
aulasdesurf.gedeon@uol.com.br

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Talento

Alemão demonstrando todo seu talento

Palavra definida pelo dicionário como: grande e brilhante inteligência; agudeza de espírito, disposição natural ou qualidade superior; espírito ilustrado e inteligente; grande capacidade; pessoa possuidora de inteligência invulgar; força física; vigor...
Era uma segunda-feira há alguns anos, quebravam-se ondas com mais ou menos dois metros de altura na praia do Guaecá, onde alguns surfistas desfrutavam desse cenário. Depois de algumas horas de surfe, surgem na areia dois dos maiores surfistas do Brasil e ídolos dos presentes na praia: Pedro Muller, que havia conquistado um campeonato no dia anterior no Guarujá, e Ricardo Bocão.
Ambos seguiam viagem para o Rio de Janeiro, mas resolveram parar para conferir as belas ondas que quebravam na praia, que eles haviam visto na descida da serra do Guaecá.
Ficaram observando da areia por um longo período de tempo as boas ondas que quebravam, se impressionaram com elas, e principalmente com o estilo, precisão e força das manobras e a linha que o surfista Edilson, hoje conhecido como ‘Alemão de Maresias’, apresentava em suas ondas.
Ricardo Bocão, admirado com a performance apresentava, não negou elogios, dizendo: ‘Alemão, você deve arrumar um patrocínio e começar a participar dos campeonatos, pois tem um ótimo surfe e possui muito talento para o esporte’.
Até hoje considero o alemão um dos surfistas mais talentosos que já vi surfar, apesar de ser um atleta que nunca tenha se destacado em competições. Só fui descobrir o motivo mais tarde. Alemão de Maresias surfa simplesmente pelo puro prazer e emoção que o esporte lhe proporciona, pela pura essência do surfe, um verdadeiro surfista alma, e não pela adrenalina de vencer uma bateria ou um campeonato.
Hoje, Alemão de Maresias continua um surfista com muito talento e é considerado um dos maiores free surfers e big riders do Brasil.

Ondas

Guaecá Perfeito



















Paúba Grande


Maresias Clássico

Gregos e Troianos (Sebastianenses e Ubatubenses)

Há muitos anos, numa bela tarde de sábado na praia do Guaecá, com sol e ondas com cerca de 1,5 metros de altura, nessa época começava a executar minhas primeiras manobras de surfe. Estava acompanhado de mais três ou quatro amigos e surfávamos havia mais ou menos uma hora e ninguém tinha conseguido pegar ondas boas até o momento, e nossa alegação era que o mar não estava bom, pois as ondas estavam rápidas e fechando. Em conversa dentro do mar, havíamos decidido por sair e tentar surfar na Ponte (canto esquerdo do Guaecá), pois lá deveria apresentar melhores condições. Nesse momento, passavam pó nós dois surfistas gritando rumo ao outside (fundo) e que foram reconhecidos de imediatos, tratava-se de Zeção e Pinóia ambos de Ubatuba. Saímos no mesmo instante para observar e apreciar a performance de dois dos maiores surfistas do Brasil, uma verdadeira aula de surfe e estilo. Na verdade o mar não estava fechando como pensávamos e sim tubular, ou seja, um mar perfeito, considerado um dia clássico para a prática de surfe.
Em sua primeira onda, Zecão pegou um belo tubo, permanecendo encoberto pelo lip da onda por alguns segundos, Pinóia desceu uma onda logo atrás, pegando outro excelente tubo e arrancando gritos e aplausos de todos na areia. Pinóia era o ídolo da maioria dos surfistas de São Sebastião na época. O que se viu até o fim do dia foi uma seqüência de tubos e manobras que nunca havíamos presenciado na praia do Guaecá.
Essa história serve para analisar a opinião e a critica que dois surfistas diferentes podem fazer em relação a mesma onda. Agora, imaginem o ponto de vista, as opiniões e criticas de várias pessoas analisando um texto como este num jornal, uma frase mal expressada, uma foto publicada, a realização de um evento. Administração de um comércio ou cidade, um visual mais ousado, uma sai mais curta. Por menos erros que procuramos cometer e mais próximos que procuramos estar da perfeição, sempre haverá as boas e as más criticas, pois criticar faz parte da vida do se humano. E se algum dia você estiver recebendo somente elogios, boas criticas e opiniões favoráveis, com certeza alguma coisa deve estar errada, pois há um velho ditado que diz: “é impossível agradar a gregos e troianos”.

O Rei das Pedras


Somente quem surfa no Guaecá conhece esse termo: “ hoje o mar está bom lá nas Pedras”. ‘ Pedras’ é como os surfistas chamam o canto direito da praia de Guaecá que costuma quebrar ondas perfeitas em certo período do ano, precisamente no inverno, quando o swell (ondulação) são maiores e irregulares.Essas ondulações ao encontrarem a ponta do costão do Guaecá ganham uma excelente formação e alinhamento, o que as torna uma das ondas mais disputadas da região. Não tem como descrever a sensação de pegar uma onda colada ao costão e surfá-la até um pouco depois do riozinho, sair do mar e caminhar até as Pedras novamente.
Há alguns anos atrás creio que devido as mudanças climáticas ou algum swell oceânico esse local passou a receber uma ondulação perfeita constante, toda semana era uma mar mais perfeito que o outro, parecia que as Pedras estava com fundo de coral ou artificial, pois as ondas eram como as de filmes, simplesmente perfeita, uma parecida com a outra e sempre quebrando no mesmo lugar, tornando-a disputadíssima e difícil de surfar devido aos números de surfistas presentes.
Para uma pessoa essas ondas eram sagradas, sempre que elas quebravam ele era um dos primeiros a chegar, o xerife do pico, a pessoa que todos respeitavam e impunha ordem no local.
Estou falando do grande surfista e de uma pessoa maravilhosa que infelizmente nos deixou cedo, o Mauro do Pontal ou simplesmente como todos os chamavam Maurão. Muitos brincavam que para surfar nas Pedras, antes tinha que pedir permissão para o Maurão. Para mim ele nunca foi o xerife do local, Maurão foi e sempre será o Rei das Pedras do Guaecá. Tinha admirado gosto pelas ondas grandes e tubulares. Seu estilo era inconfundível, descia a onda já assoviando com as pernas praticamente juntas distribuindo rasgadas e batidas pela extensão da onda, com a bermuda sempre abaixo da cintura. Uma pessoa maravilhosa que sempre procurou ajudar os amigos e pessoas próximas a ele.
Lembro de um momento de grande felicidade, quando comprou sua primeira “prancha mágica” que pertencia ao meu irmão, depois de muita insistência e alguns trocados. Ao receber a prancha, ele perguntou se meu irmão tinha certeza que queria vendê-la, deu um beijo na prancha, agradeceu e saiu com uma felicidade de dar inveja.
Maurão as Pedras já não é mais o mesmo pico sem você!

Alimentação Esportiva

Não somente um esportista profissional, mas todos nós deveríamos ter uma alimentação balanceada e controlada para um melhor aproveitamento do dia a dia. Diariamente é necessário que tenhamos uma alimentação com qualidade que podemos encontrar na variedade dos alimentos: grãos, verduras, legumes, sementes, frutas, ervas, que somadas aos alimentos de origem animal: carnes, ovos e leite, proporcionarão uma mesa saudável para suprir nossas necessidades diárias.
Os alimentos fornecem todos os nutrientes necessários para o crescimento, desenvolvimento e manutenção das funções básicas do organismo tanto para um atleta como para uma não praticante de esporte. Promovem também a resistência às possíveis doenças que podem acometer um individuo.Os tipos de nutrientes dos alimentos são: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, sais minerais, fibras e água.
Os atletas e as pessoas rotineiramente têm muitas dificuldades de manterem uma dieta equilibrada e saudável. É de suma importância que atletas e pessoas que tenham um dia a dia muito agitado, vivendo em função do tempo e da produtividade tenham em suas refeições diárias algum dos alimentos dos principais grupos da pirâmide alimentar: pães, massas e farinhas integrais, frutas e vegetais frescos, leite ou derivados desnatados, ovos e carnes magras, óleos e oleaginosas em geral.
Para que o desempenho físico de uma atleta melhore, pessoas possam agüentar o ritmo imposto pela correria do dia a dia e evite doenças crônico-degenerativas, é necessário que a ingestão de açucares e gorduras sejam controladas, variedade e qualidade dietética sejam melhoradas através da reeducação alimentar.
Durante o processo de reeducação alimentar serão trabalhados alguns princípios como: não tomada de medidas drásticas com relação a dieta, não utilização de drogas para emagrecimento ou aumento de massa, busca de equilíbrio alimentar, diminuição de ansiedade com relação a perda de peso, incentivo aos alimentos ricos em nutrientes funcionais: antioxidantes, sais minerais e fibras, controle dos níveis sangüíneos de colesterol, triglicérides, glicose, ácido úrico e outros.
Um cardápio ideal é aquele que a qualidade supera a quantidade seguindo sempre os princípios básicos da pirâmide alimentar e reeducação alimentar: variedade, moderação e proporcionalidade. Para essa matéria foi consultada a Nutricionista Clínica Dra Luciene Mara Rodrigues Rego da Clínica Diagnose.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Como escolher uma prancha

Procure um shaper de sua confiança e passe as informações que deseja sobre sua nova prancha.
Diga o tempo que irá surfar, seu peso, altura, tipo de onda a ser surfada, posicionamento na prancha, pressão do pé para que, na hora de encomendar sua prancha, o Shaper consiga desenvolver um design totalmente correto em relação as necessidades atuais do surfista.
Caso seja um novato, prefira uma prancha sempre um pouco maior que sua altura, com um pouco mais de flutuação e mais larga para que facilite o seu aprendizado mais rápido.
Não se preocupe que com o tempo saberá vários aspectos técnicos de sua prancha em relação a medidas.
Desconfie se o preço da prancha for muito barato, pois atrás de uma prancha muito leve pode haver uma grande armadilha, pois poderá ter sido confeccionada com apenas 01 (um) tecido na parte de cima da prancha, fazendo com que em pouco tempo, esteja toda amassada.
Faça uma boa compra e ótimas ondas...

Obra-prima de Mestre Cartola

O mundo é um moinho

Ainda é cedo, amor
mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida
sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a tua vida
e em pouco tempo não serás mais o que és

preste atenção, o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
vai reduzir as ilusões a pó...
Ouça-me bem, amor

Preste atenção, querida
de cada amor tu herdarás só o cinismo
quando notares estás à beira do abismo
abismo que cavaste com teus pés
Cartola

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Surfe, paixão nacional

Primeiramente tentarei definir surf, que deriva da palavra surface em inglês, que em português significa superfície (deslizar sobre a superfície). No Aurélio, surfe significa o esporte em que a pessoa, de pé numa prancha, desliza na crista da onda.
Para mim surfe é muito mais que deslizar sobre uma prancha na crista de uma onda, surfe é estilo de vida, é esporte, é cultura, é filosofia, é diversão, é alegria, é adrenalina, é competição, é prazer, é diversão, é paixão.... O surfe requer coragem, equilíbrio, força, coordenação, sintonia, paciência, sensibilidade, determinação e amor. Se eu estiver enganado, por favor, me corrijam e me digam o que é surfe?
Dizem que as paixões dos brasileiros são o carnaval e o futebol. Eu acrescentaria aí o surfe, pois é o esporte que mais vem crescendo em números de praticantes nos últimos anos no Brasil. E quem ainda não pratica surfe, se veste como surfista, fala como surfista e quer se parecer com um surfista.
Minha primeira paixão pelo esporte como a de muitos brasileiros foi o futebol, até descobrir o surfe. O surfe foi amor a primeira remada e perdura até os dias de hoje. Já o carnaval é aquela data do ano que todos nós esperamos que chegue e que não acabe mais, o brasileiro se transforma no carnaval, porém nunca havia participado de um desfile na avenida. E um amigo vivia dizendo: “enquanto você não desfilar numa escola de samba, na ala ou tocando na bateria, nunca conhecerá a verdadeira emoção do carnaval”.
Realmente ele tinha razão: o desfile de uma escola de samba se transforma em uma hora de muita malhação, pura emoção e adrenalina na avenida que não tem como descrever, só estando lá para desfrutar dessa maravilha de nome carnaval. Agora só falta-me aprender a tocar algum instrumento, fazer parte da bateria e poder ditar o ritmo do desfile. Aconselho a todos que tiverem oportunidade que procurem as escolas de sambas de suas cidades e reservem uma fantasia para cair na folia, pois como diz a frase: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é; ou é ruim da cabeça ou doente do pé”.
No final deste mês vai ter carnaval, as previsões indicam ondas perfeitas para a prática do surfe e com certeza vai ter futebol, portanto aproveitem suas paixões.

Luis Zumbi

A primeira vez a gente nunca esquece...


Se recordo-me bem, a primeira vez que fui surfar foi mais ou menos assim:
Eu, acompanhado de mais seis amigos: meu irmão Aderbal (falecido), César Chaim, Marcos “Peruca”, Inácio “Neto Boy”, Roberto Metlicz “Betinho”, e João “Pig”.
Éramos sete jovens, cinco bicicletas e uma única prancha amarela de marca Lino (atual Tropical Brasil), com destino a praia do Guaecá, para surfarmos nossas primeiras ondas. A ida em si até a praia foi uma aventura inesquecível.
Ao chegarmos ao Guaecá, o mar apresentava condições de meio metro de ondas regulares, condições propícia para quem está iniciando. O primeiro a entrar no mar foi o Betinho, pois era o único que já surfava, o próximo foi César Chaim, dono da prancha, e em seguida seria minha vez, momento pelo qual aguardava ansioso e cheio de expectativas.
Peguei a prancha das mãos do Chaim, amarrei a cordinha (leash), entrei no mar e dei minhas primeiras braçadas desengonçadas sobre a prancha, rumo ao fundo (outside), sem saber o que estaria por acontecer. Sem muita paciência, virei e comecei a remar na primeira onda que veio em minha direção, me posicionei e consegui ficar de pé, mesmo descontrolado, surfando minha primeira onda até a beira da praia. No final, levantei os braços e soltei um grito de comemoração e pura felicidade, pois naquele momento senti uma emoção que jamais havia imaginado existir. Todos que foram, conseguiram surfar sua primeira onda e naquele fim de tarde inesquecível, partiram do Guaecá sete jovens que passaram a encarar a vida de maneira mais saudável e alegre.
Para todos os que já deram seu primeiro beijo, arrumaram sua (seu) primeiro (a) namorado (a), dirigiram seu primeiro carro, conseguiram seu primeiro emprego, a essas pessoas, digo que se um dia tiverem a oportunidade, que tentem surfar sua primeira onda, pois até hoje não consegui encontrar palavras para descrever essa emoção, a mesma que senti ao ver minha primeira coluna publicada. Esse momento vai ser mais um que ficará eternamente gravado em minha memória, pois “a primeira vez a gente nunca esquece”.

Luis Zumbi